quinta-feira, 1 de novembro de 2012


Martina Roth fala sobre Educação e tecnologia

A educadora alemã defende uma transformação no processo de ensino e aprendizagem que prepare as crianças para enfrentar as novidades do século 21.

Vivemos uma época caracterizada pelo avanço das tecnologias e pelo surgimento de novos paradigmas de aprendizagem. O que cabe à escola nesse sentido? 
MARTINA ROTH 
As exigências e oportunidades relacionadas às tecnologias hoje são enormes para todos os países. Para lidar com isso, é essencial pensar em meios de desenvolver nas escolas as habilidades que as crianças precisarão para enfrentar o século 21, como pensamento crítico, capacidade para resolver problemas e tomar decisões, boa comunicação e disposição para o trabalho colaborativo. As nações que trabalham para integrar essas novas habilidades à prática escolar e propiciam, por exemplo, uma relação mais próxima entre professores e alunos e um atendimento quase personalizado às necessidades deles têm mais chances de avançar. Nesses países, o sistema político dá suporte à transformação sistêmica na Educação. O mais importante é garantir que toda criança tenha acesso ao ensino e à tecnologia de forma igualitária. 

De que forma o uso das tecnologias altera o trabalho do professor e a relação dos alunos com o estudo? 
MARTINA 
No momento em que se oferecem computadores às crianças e aos professores - e o Brasil já está começando a fazer isso -, há duas situações possíveis. O docente pode usar o computador apenas para preparar o material para as aulas. Mas ele também pode se valer da tecnologia para estabelecer uma metodologia diferente, um novo tipo de relação com o aluno, muito mais personalizado, e isso me parece o mais importante. A tecnologia permite o trabalho individual e em grupo de maneira mais eficaz. O aluno, quando está em casa, consegue se comunicar com o grupo da escola, os pais podem observar seus avanços e o processo de aprendizagem ocorre de forma mais natural e espontânea. O estudante fica em contato com o conhecimento não apenas no período em que está na escola mas também no restante do tempo. É claro que, no caso dos professores, há uma transformação cultural importante acontecendo e toda transformação exige algum nível de esforço. Eu creio que é uma mudança positiva. A experiência nos mostra que os professores que já estão envolvidos em programas de treinamento estão muito mais motivados a ir além na prática pedagógica para aprender cada vez mais sobre as tecnologias e sobre como utilizá-las em salas de aulas. 

Quais os primeiros passos para fazer uma mudança sistêmica na Educação de modo a permitir que a formação inicial e continuada do professor atenda às novas exigências? 
MARTINA 
O mais importante é contar com o apoio governamental e com políticas que deem suporte a todas as escolas do país. É preciso ter um plano geral para as mudanças necessárias e esse é um ponto crítico porque elas levam tempo, não podem ser feitas no curto prazo. O governo deve prover os recursos para que essa transformação ocorra, com cursos de capacitação de professores e parâmetros curriculares alinhados às novas exigências. 

As mudanças mais importantes se relacionam à infraestrutura e ao acesso às tecnologias ou dependem mais de uma atualização curricular?
MARTINA 
Deve-se trabalhar nas duas frentes. Porém apenas ter computador na escola, sem uma estratégia para educar usando as novas tecnologias, não basta. Não haverá nenhum avanço. Depois, é necessário permitir que os professores busquem o bom uso dos computadores, o que significa oferecer novas perspectivas pedagógicas e metodológicas. São dois elementos que andam juntos. Avançar com um sem dar atenção ao outro é desperdiçar dinheiro. Nesse processo, as avaliações também são fundamentais para que os resultados sejam mensurados. Isso permite investir em modificações contínuas com vistas ao aprimoramento constante.

By: Alana Moretto

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